terça-feira, 8 de novembro de 2011


Amável contribuição da leitora Leonor Santos, Portugal

Rainha Santa Isabel de Portugal

Isabel de Aragão nasceu no palácio de Aljaferia, na cidade de Saragoça, onde reinava o seu avô paterno D. Jaime I. Era filha de D. Pedro, futuro D. Pedro III, e de D. Constança de Navarra. A princesa recebeu o nome de Isabel por desejo de sua mãe em recordação de sua tia Santa Isabel da Hungria, duquesa de Turíngia. O seu nascimento veio acabar com as discórdias na corte de Aragão, pelo que o seu avô lhe chamava “rosa da casa de Aragão”.

As virtudes da sua tia-avó viriam a servir-lhe de modelo e desde muito nova começou a mostrar gosto pela meditação, rezas e jejum, não a atraindo os divertimentos comuns das raparigas da sua idade. Isabel não gostava de música, passeios, nem jóias e enfeites, vestia-se sempre com simplicidade.



A infanta D. Isabel tornara-se conhecida em beleza discrição e santidades. As suas virtudes levaram muitos príncipes apresentavam-se a D. Pedro como pretendentes à mão da sua admirável filha. Os pais escolheram o mais próximo, D. Dinis, herdeiro do trono de Portugal, que era também o mais dotado de qualidades. Isabel estava mais inclinada a encerrar-se num convento, no entanto, como era submissa, viu no pedido dos pais, a vontade do céu. Foram assinadas a 11 de Fevereiro de 1282 as bases do contrato de casamento, e o matrimónio realizou-se na vila de Trancoso, no dia de S. João Baptista de 1282. Nos primeiros tempos de casada acompanhava o marido nas suas deslocações pelo país e com a sua bondade conquistou a simpatia do povo. Dava dotes a raparigas pobres e educava os filhos de cavaleiros sem fortuna.


Isabel deu ao rei dois filhos: Constância, futura rainha de Castela e Afonso, herdeiro do trono de Portugal. As numerosas aventuras extraconjugais do marido humilhavam-na profundamente. Mas Isabel mostrava-se magnânima no perdão criando com os seus também os filhos ilegítimos de Dinis, aos quais reservava igual afecto. Entre seus familiares, constantemente em luta, desempenhou obra de pacificadora, merecendo justamente o apelido de anjo da paz. Desempenhou sempre o papel de medianeira entre o rei e o seu irmão D Afonso, bem como entre o rei e o príncipe herdeiro. Por sua intervenção foi assinada a paz em 1322.

A sua vida será marcada por quatro virtudes fundamentais: a piedade, a caridade, a humildade e a inquietude pela paz. Tornou-se uma mulher de grande piedade conservando em sua vida a prática da oração e a meditação da Palavra de Deus. Buscou sempre a reconciliação e a paz entre as pessoas, as famílias e até entre nações.



D. Isabel costumava dizer “Deus tornou-me rainha para me dar meios de fazer esmolas.” Sempre que saía do paço era seguida por pobres e andrajosos a quem sempre ajudava.



Após a morte de seu marido, entregou-se inteiramente às obras assistenciais que havia fundado, não podendo vestir o hábito das clarissas e professar os votos no mosteiro que ela mesma havia fundado, fez-se terciária franciscana, após ter deposto a coroa real no santuário de São Tiago de Compostela e haver dado seus bens pessoais aos necessitados. Fixou residência em Coimbra, junto ao convento de Santa Clara, nos Paços de Santa Ana, de que faria doação ao convento. Mandou edificar o hospital de Coimbra junto à sua residência, o de Santarém e o de Leiria para receber enjeitados.



Viveu uma profunda caridade sendo sempre sensível às necessidades dos pobres e excluídos. Viveu o resto da vida em pobreza voluntária, dedicada aos exercícios de piedade e de mortificações.



Isabel faleceu a 4 de Julho de 1336, deixando em testamento grandes legados a hospitais e conventos.



O povo criou à sua volta uma lenda de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres e a santa foi canonizada em 1625.

Foram atribuídos muitos milagres, como a cura da sua dama de companhia e de diversos leprosos. Diz-se também que fez com que uma pobre criança cega começasse a ver e que curou numa só noite os graves ferimentos de um criado. No entanto o mais conhecido é o milagre das rosas.

Reza a lenda que, durante o cerco de Lisboa, D. Isabel estava a distribuir moedas de prata para socorrer os necessitados da zona de Alvalade, quando o marido apareceu. O rei perguntou-lhe: “O que levais aí, Senhora?” Ao que ela, com receio de desgostar a D. Dinis, e, como que inspirada pelo céu respondeu:

Levo rosas senhor....” E, abrindo o manto, perante o olhar atónito do rei, não se viram moedas, mas sim rosas encarnadas e frescas

Beatificada pelo Papa Leão X(breve de 15/04/1516) e
em 1625 foi canonizada pelo Papa Urbano VIII.

Por ordem do bispo D. Afonso de Castelo Branco abriu-se o túmulo real, verificando-se que o corpo da saudosa Rainha estava incorrupto. A canonização solene teve lugar em 1625. Quando esta notícia chegou à cidade realizaram-se grandes festejos que se prolongam até aos nossos dias.

Sua festa é celebrada no dia 4 de julho.

SANTA ISABEL

PEREGRINA DE COMPOSTELA

Rainha Santa Isabel Cruz do tanque

Tradição :

A Rainha Santa deslocou-se a Compostela em 1325 com o estatuto de Rainha, apesar de seu marido, El-Rei D. Dinis, ter falecido nesse ano. E voltou lá, mas particularmente, como peregrina, em 1335.

A freguesia de Fragoso é citada como fazendo parte da Estrada do Norte que, partindo da Barca do Lago por uma via romano-medieval, passava por Fragoso e seguia por Barroselas, Portela Susã, Deocriste e Deão e, atravessando o Rio Lima no sítio da Passagem, continuava por Lanheses.
O topónimo Breia - existe o lugar da Breia em Fragoso - também é citado como referência a uma via secundária da época romano medieval.

É histórico, pois, que numa das suas peregrinações, Santa Isabel passou por Fragoso, em conformidade com os estudos ultimamente realizados em relação aos Caminhos de Compostela.

É da tradição que Santa Isabel matou a sede, com o seu filho D. Afonso, numa fonte situada poucos metros a sul da Ermida de S. Vicente, que a partir de então se passou a chamar Fonte da Virtude ou Fonte da Santa. A sua água era levada para terras longínquas e uma das suas propriedades consistia em fazer levedar o pão sem fermento.

Mais perto da Ermida, havia um tanque, o Poço de Santa Isabel, que tinha no fundo uma pedra com uma cruz em relevo. Dizia-se que quem sofresse de alguma enfermidade e com fé mergulhasse na água três vezes, e em todas elas beijasse a cruz, ficava curado ou morria dentro de alguns dias.

O referido tanque foi destruído por uma tromba de água em 15 de Janeiro de 1939. Posteriormente foi construído outro tanque, mas a pedra que se encontrava no fundo passou a fazer parte de uma das paredes laterais tendo a cruz ficado em local visível para quem se colocar na posição poente/nascente.

Faz parte da lenda a denominação da freguesia. Santa Isabel teria perguntado como se chamava esta terra , ao que lhe foi respondido: -Valverde. E ela terá, então, retorquido: - Como é possível uma terra com tantas fragas chamar-se Valverde? Daqui em diante passará a chamar-se Fragoso.

E assim Fragoso, que já se chamava Fragoso, continuou a ter o mesmo nome. Mas é possível que pelas fragas lhe terá sido dado. E é uma explicação para o Brasão que hoje tem: a chave de S. Pedro, orago da freguesia, e as fragas da sua orografia.

D. DINIZ E D. ISABEL EM TRANCOSO

Conhecem-se dela lendas e milagres. Foi uma mulher virtuosa, rainha e santa. Chamava-se Isabel de Aragão e ainda despontava da meninice quando foi indicada a el-rei D. Diniz de Portugal como esposa. A Rainha Santa Isabel foi uma das personalidades portuguesas medievais que teve grande devoção por Santiago.
Meteu-se Isabel a caminho pelas terras de Castela em direcção ao reino do seu futuro marido. «Lavravam grandes guerras em Espanha, derivadas de ódios de família, o que as tornava incomparavelmente ferozes e implacáveis. Porém, como se uma legião de anjos celestes estivesse a seu cargo, escoltando-a, preservando Isabel não só de perigos como de enfados, chegou Sem novidade à fronteira setentrional portuguesa. Trás-os-Montes fora, por toda a parte a recebia a boa e rústica gente com cantares e arcos afestoados de flores e verdura. Atravessou o Douro de barca e, ora em liteira, ora em mula aparelhada com andas para aligeirar a monotonia da jornada, arribou a Trancoso, onde o real cônjuge a aguardava com o séquito mais brilhante e donairoso que pôde tirar da sua corte. Já antes, a deslado das muralhas, se haviam improvisado tendas, um grande arraial de toldos para a receber e albergar a nobre gente espanhola que a acompanhava, bem como aos portugueses» À entrada da vila de Trancoso, numa parede da Capela de S. Bartolomeu, está colocado um azulejo «Em memória do casamento de el-rei D. Diniz com a Rainha Santa D. Isabel de Aragão, realizado nesta vila no ano de 1282...»
D. Diniz, incansável viajante, fez de Trancoso terra de eleição passando aqui muitos meses da sua governação. Diz-se que Trancoso foi a corte temporária mais espectacular dos tempos medievos, «isto porque nela casaria D. Diniz, um dos monarcas mais notáveis dessa era, com uma das mais ricas, mais famosas, mais disputadas e mais belas princesas da Europa

Os festejos em honra da Rainha Santa Isabel continuam a efectuar-se em todos os anos pares durante o mês de Julho. São as Festas da Cidade em honra da sua padroeira - a Rainha Santa Isabel. Merece particular destaque a procissão noturna de penitência (quinta-feira) durante a qual é lançado um espectacular "bouquet" de fogo de artifício logo que a imagem da padroeira chega ao Largo da Portagem. Desde há alguns anos que a imagem fica exposta à veneração na Igreja da Graça. A procissão de regresso decorre no domingo à tarde, sendo talvez a maior que se faz em Portugal.

Convento de Santa Clara-a-Velha
Fica situado na margem esquerda do Rio Mondego a caminho de Santa Clara.
A casa religiosa foi fundada por D. Mor Dias, no século XIII. Construiu-se uma pequena igreja e outras modestas instalações. No século XIV, D. Isabel de Aragão (casada com o rei D. Dinis), melhorou o mosteiro e patrocionou a construção de um novo edifício e de novas instalações para as freiras. A igreja foi sagrada em 8 de Julho de 1330.
Mais tarde, construiu-se um claustro, uma sala capitular, uns paços privativos para a rainha e um hospício.
Em 1331, as cheias do Rio Mondego atingiram o edificio.
O corpo do edificio divide-se em três naves e estas em sete tramos. Altas frestas duplas e três rosáceas permitem a entrada da luz.
No século XVII, no piso alto foi construido um arco para albergar o túmulo de D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa. O convento foi abandonado em 1677, altura em que as freiras se mudaram para o novo edificio situado no alto da colina sul do Mondego.

Convento de Santa Clara-a-Nova

Iniciou-se a sua construção em 3 de Julho de 1649 e, só em 1677, é que as freiras se mudaram para o novo edificio. A igreja só ficou pronta em 1679, sendo o culto feito num salão.
O interior tem apenas uma nave coberta. A cabeceira é formada por uma grande ábside onde está a estátua polícroma de Santa Isabel esculpida por Teixeira Lopes (século XIX) e o túmulo de prata que contém o corpo da Rainha Santa.
No retábulo vêem-se talhas barrocas. As telas alusivas à vida da Rainha Santa são da primeira metade do século XVIII. Nas paredes laterais encontra-se um retábulo de talhas douradas e policromadas com baixos-relevos.
No lado do coro estão dois túmulos góticos. O túmulo do lado esquerdo (do século XIV) é o da infanta D. Isabel, filha de D. Afonso IV e o do lado direito, é o de uma filha do regente D. Pedro.
O túmulo da Rainha Santa é maior e foi feito por Mestre Pero (catalão) nos inícios do século XV.
No coro-alto, encontramos objectos de culto e alfaias de prata do convento, para além do cadeiral com 78 cadeiras distribuídas por dois andares, datado da primeira metade do século XVII. Nas paredes laterais, estão alguns retábulos vindos do convento velho.
O claustro, de grandes dimensões, foi elaborado pelo arquitecto Carlos Maudel no século XVIII. Possui um excelente nivel arquitectónico e qualidade de execução.

Mosteiro de Stª. Cruz
Localizado em plena baixa citadina, este edificio é claramente o mais importante monumento de Coimbra, não só artisticamente como pelo seu valor histórico.
A sua construção teve inicio a 28 Julho de 1131 sob o patrocínio de D. Afonso Henriques. Estava localizado fora das muralhas defensivas, perto da fronteira islâmica natural que era o Rio Mondego. Em 1172 a comunidade religiosa contava já com 72 membros, número absolutamente extraordinário quando comparado com outras comunidades, sob a direção do prior S.Teotónio.
Roberto teria ficado à frente do projeto e direção das obras. A sua intenção era construir uma igreja de nave única, ladeada por três capelas abobadadas; cabeceira tríplice e, no topo oposto, um nartex-torre- defensiva.
As dependências do edificio foram sendo alteradas com o correr dos tempos. A fachada que hoje se pode ver, do século XVI, segue as linhas da da época medieval. Do mesmo século é o portal, da autoria de Diogo de Castilho, mas cuja obra escultórica pertence a Nicolau Chanterene. Um arco triunfal do século XIX antecede a frontaria.
Ao entrarmos no edificio ergue-se sob as nossas cabeças o coro-alto, da autoria de Diogo de Castilho, com decoração renascentista de Juão de Ruão. Várias capelas dos seculos XIV e XV abrem-se nas fachadas laterais, merecendo destaque a dos Mártires de Marrocos. Igualmente merecedores de atenção, são o conjunto de azulejos historiados barrocos, em azul, datados do século XVIII. Digno de um olhar atento e demorado é o púlpito. Este, na opinião dos especialistas, constitui a mais notável obra de escultura renascentista portuguesa. O seu autor foi Nicolau Chanterene que o executou entre 1518 e 1521.
No coro-alto, datado do século XVIII, encontra-se um imponente orgão barroco da autoria de Manuel Benito Gomes Herrera. Na capela-mor encontramos um soberbo altar barroco, mas o principal motivo de interesse da cabeceira reside nos túmulos que aí se residem. Ali jazem D. Afonso Henriques e D. Sancho I. À construção destes túmulos ficaram ligados nomes como: Diogo de Castilho, João de Castilho, Nicolau Chanterene, Diogo Francisco, Pero Anes, Diogo Fernandes e João Fernandes.
Relativamente ao Claustro do Silêncio, sabe-se que este foi construido entre 1517 e 1522, sob a direção do arquiteto real Marcos Pires. Para o claustro abrem-se várias dependências: Capela de Jesus, Sala do Capítulo, Coro-Alto, Refeitório.

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